Ouro inédito para o Brasil na Paraescalada

Marina Dias na via da final da Copa do Mundo de Paraescalada

Marina Dias na via da final da Copa do Mundo de Paraescalada | Foto: Divulgação IFSC

Feito histórico! A atleta da Paraescalada Marina Dias, de Taubaté, conseguiu ontem (25/05) a medalha de ouro na primeira etapa da Copa do Mundo de Paraescalada, disputada na cidade de Salt Lake City nos EUA. Ela, portadora de esclerose múltipla, conquistou o primeiro lugar na categoria RP3 Feminina.

A participação de Marina já era emblemática mesmo sem a conquista. Ela era a primeira mulher brasileira a disputar uma competição internacional na Paraescalada. Com a conquista da medalha, agora é histórica!

O Brasil só havia conquistado até hoje uma medalha em competições internacionais de Paraescalada. Foi em 2012, quando Raphael Nishimura, atual presidente da ABEE, conquistou a medalha de prata no Mundial de Paraescalada em Paris. 

Único top da final

As disputas da primeira etapa da Copa do Mundo de Paraescalada tiveram início no dia 24, com as qualificatórias. Ao todo foram 90 atletas de 19 países, competindo em 13 classes esportivas diferentes no ginásio The Front, em Salt Lake City nos EUA.

Na categoria de Marina, a RP3, para atletas com comprometimento leve da força ou alcance em pelo menos um dos membros, havia 14 competidoras no total. 

Nas qualificatórias, Marina escalou muito bem as duas vias. Na primeira ela fez Top, junto com outras 6 atletas. Na segunda via ela alcançou a agarra 41, ficando com esta pontuação no resultado provisório. Com o score das duas vias Marina ficava na quinta colocação, de fora da final, que pelas novas regras da Paraescalada IFSC tem cota de 4 atletas para até 15 atletas inscritos.

O representante técnico ABEE na prova, Arthur Gaspari, observou um possível erro de julgamento dos árbitros que, corrigido, daria à Mariana a pontuação de 41+ na via 2 e a colocaria em terceiro, empatada com outras 2 atletas. A apelação foi aceita e Marina garantiu a vaga na final do dia seguinte.

No dia 25, Marina foi a segunda a escalar. Com movimentação tranquila e segura, Marina alcançou o Top e assumiu a liderança. Mais 3 atletas entraram para escalar na sequência, mas nenhuma conseguiu o Top, o que garantiu a medalha de Ouro para Marina em sua primeira competição internacional de Paraescalada. 

Podio da categoria RP3 Feminino | Foto: Divulgação IFSC

Podio da categoria RP3 Feminino | Foto: Divulgação IFSC

Marina Dias

Marina Dias é natural da cidade de Taubaté, São Paulo, e tem 39 anos. Professora universitária, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2009, doença que causou um comprometimento da força e coordenação do lado esquerdo do seu corpo.

Em 2018 ela começou a escalar  e encontrou no esporte uma forma de manter um estilo de vida saudável, que tem garantido uma rotina com poucos surtos da doença, juntamente com o tratamento que retomou em 2020, após sua última crise.

Foi também em 2020 que Marina participou da sua primeira competição de Paraescalada, no Campeonato Brasileiro da categoria. Desde então tem competido em todas as edições do brasileiro da modalidade. 

Paraescalada

A Paraescalada tem crescido no mundo com o fomento da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). Inicialmente apenas com o Campeonato Mundial a cada 2 anos, desde o ano passado a modalidade ganhou um circuito de competições: a Copa do Mundo de Paraescalada.

Na Paraescalada os atletas são divididos em classes esportivas de acordo com o tipo de limitação que apresentem. Eles são classificados nestas classes após passarem por avaliação médica. São 4 classes diferentes, com subdivisões segundo a o grau de severidade das limitações: a classe B é para atletas com limitação visual; a classe AL para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores; AU para atletas com amputação ou limitação severa dos membros superiores; e RP para atletas com comprometimento de força ou alcance em quaisquer dos membros. 

A IFSC tem trabalhado intensamente para incluir a Paraescalada nos Jogos Paralímpicos de 2028 em Los Angeles.

A Paraescalada ainda é uma modalidade em desenvolvimento no Brasil. Mesmo com poucos atletas competindo no país, ainda assim a ABEE mantém ativo o Campeonato Brasileiro para a categoria desde 2014, onde os atletas competem com isenção de pagamento de filiação e inscrição.

Por ainda não fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos, a ABEE não recebe recursos do Comitê Paralímpico Brasileiro para investir exclusivamente na Paraescalada, mas já tem conversado com a entidade para buscar formas de fomentar a modalidade e financiar os paraescaladores brasileiros.

 

 

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