Cesar Grosso: uma grande carreira representando o Brasil
No começo dessa semana o atleta Cesar Grosso divulgou em suas redes sociais que está se aposentando das competições de escalada. Foram 23 anos de dedicação à uma carreira recheada de conquistas. Uma carreira que começou aos 14 de idade, na primeira participação em um Campeonato Brasileiro, ainda na categoria amador. De lá até aqui foram vários títulos nacionais e várias participações em competições internacionais, incluindo ai 25 etapas de Copa do Mundo e 5 Mundiais de Escalada.
Cesar Grosso, ou Cesinha, como é carinhosamente conhecido pelos amigos, começou a escalar em 1995 com 10 anos de idade, nas aulas de educação física da escola. No mesmo ano conheceu seu primeiro ginásio, a 90 Graus em São Paulo, onde desenvolveu sua paixão pelo esporte.
Títulos e Resultados Marcantes
A história nas competições também começou cedo e não demorou muito para as primeiras conquistas aparecerem. Em 2001 veio o primeiro título, com o Paulista, e o primeiro vice-campeonato Brasileiro de Dificuldade (Lead). No ano seguinte o bicampeonato Paulista, e em 2003 o primeiro, de muitos, títulos nacionais. Em 2004, a primeira participação internacional, no Sul Americano na Venezuela, onde ele terminou na 12º colocação. Em 2005 a primeira participação em Campeonatos Mundiais e Copas do Mundo, participando das etapas em Zurich (SUI) e Chamonix (FRA) e do Mundial em Munique (ALE). No mesmo ano o primeiro título nacional de Boulder e mais um vice-campeonato nacional de Dificuldade. Mas Cesinha estava apenas começando.
De 2006 a 2009, Cesar Grosso dominou as competições nacionais. Foram 4 títulos seguidos de Dificuldade e de Boulder, acumulando, aos 25 anos de idade, 5 títulos nacionais nas duas modalidades. A época foi também a de alguns dos melhores e mais expressivos resultados do atleta em competições internacionais.
Em 2007 Cesinha conseguiu avançar pela primeira para uma semifinal de Copa do Mundo, ficando entre os 20 melhores da etapa de Puurs na Bélgica. Diga-se de passagem, etapa esta histórica para a escalada nacional, com 3 brasileiros na semifinal: Cesar Grosso, André Berezoski e Felipe Camargo. Em 2008 foi campeão Sul Americano de Dificuldade e Campeão do Master de Boulder no Chile. O melhor resultado em Copas do Mundo foi em 2009, quando Cesinha chegou pela segunda vez a uma semifinal, terminando a etapa de Barcelona na 15ª colocação, que continua sendo a melhor colocação de um brasileiro em Copas do Mundo até hoje. Em 2010, viria o vice-campeonato Panamericano de Boulder, o melhor resultado brasileiro na competição. O sexto título nacional de Dificuldade veio em 2012, transformando Cesinha no único homem brasileiro a acumular esta quantidade de títulos nacionais em uma modalidade.
O Sonho Olímpico
Depois do último título nacional veio a mudança de ares. Em 2013 a residência mudou de São Paulo para Arco na Itália. Lá ele continuou se dedicando aos treinos e às competições, já não mais o jovem garoto de antes, mas um dos mais experientes atletas da escalada nacional. Em 2016 os treinos ganharam um novo objetivo: conquistar uma vaga olímpica para o Brasil na estreia da escalada nos jogos.
O novo objetivo trazia também um novo desafio, se adaptar ao modelo combinado das 3 modalidades: Dificuldade, Boulder e Velocidade. Com a disciplina e o foco que sempre foram sua marca registrada, Cesinha acabou obtendo alguns dos melhores resultados do Brasil em busca do sonho olímpico. Em 2018 foi à final combinada do Panamericano no Equador, terminando como quinto melhor do continente americano nas 3 modalidades. Em 2019 disputou a primeira seletiva olímpica, o Mundial de Hachioji no Japão, onde terminou em 65º, logo atrás de Felipe Ho.
Mas todos sabiam que a grande chance brasileira seria no Panamericano de 2020, onde apenas uma vaga estaria em disputa. Cesinha foi para a final mais uma vez, onde demonstrando o foco dos grandes atletas, obteve sua melhor marca na velocidade, e o recorde brasileiro da modalidade, com 6.88s. O primeiro brasileiro a “correr” abaixo dos 7s. A vaga para as Olimpíadas não veio. Cesar terminou a disputa na 7ª colocação. Mas toda a torcida brasileira ficou com a certeza de que ele deu o seu melhor até a última agarra. E isso nos deixa cheios de orgulho!
Cesinha se despede das competições, mas seus recordes, seus resultados e seu exemplo de dedicação, disciplina e foco ficarão para as novas gerações, assim como os que vieram antes foram para o próprio Cesar! Obrigado por tudo Cesinha!