Novas Diretrizes para a Seleção Brasileira de Escalada: entenda o que muda com o novo ciclo olímpico

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a consolidação da escalada esportiva como modalidade olímpica, o cenário internacional segue evoluindo e o Brasil não poderia ficar de fora dessas mudanças. A principal novidade é a reformulação do Programa Olímpico para o LA28, que agora separa oficialmente as modalidades (Boulder, Guiada e Velocidade), o que impacta diretamente na estrutura da Seleção Brasileira de Escalada.

Atentos a essa nova fase e à tendência mundial de especialização, a Confederação decidiu ajustar os critérios de convocação para a Seleção, valorizando atletas especialistas e criando vagas específicas com base no desempenho em rankings por modalidade.

Seleção Principal: foco na especialização

A partir deste ciclo, a Seleção Principal passará a contar com vagas específicas para atletas especialistas em cada uma das três modalidades da escalada esportiva: Boulder, Guiada e Velocidade. A definição dos convocados será feita com base em critérios objetivos estabelecidos para cada categoria. 

Na modalidade Boulder, serão selecionados os dois melhores atletas de cada gênero de acordo com o ranking nacional. O mesmo critério será aplicado à modalidade Guiada, garantindo vaga aos dois atletas mais bem colocados por gênero no respectivo ranking. Já na modalidade Velocidade, a convocação será baseada no alcance de índices de tempo específicos, permitindo a seleção de até dois atletas por gênero que cumprirem os tempos exigidos. Essa mudança visa valorizar o desempenho técnico individual em cada especialidade, promovendo uma seleção mais direcionada e competitiva.

Esse modelo segue uma tendência que já é realidade em países com forte tradição na escalada esportiva. Nos circuitos internacionais, é cada vez mais comum encontrar atletas dedicados exclusivamente a uma única modalidade, e os times nacionais começam a se organizar de forma distinta para cada uma delas.

Além disso, a mudança atende a uma demanda antiga dos próprios atletas brasileiros, que buscavam reconhecimento como especialistas e a possibilidade de focar integralmente na modalidade em que mais se destacam, seja ela Boulder, Guiada ou Velocidade.

Resumo 

• Boulder: 2 atletas por gênero.
• Guiada: 2 atletas por gênero.
• Velocidade: até 2 atletas por gênero. A definição do número dependerá dos tempos obtidos, podendo ocorrer que nem todos os atletas atinjam os índices necessários.

Seleção Juvenil: novos critérios também se aplicam

As mudanças também afetam a estrutura da Seleção Juvenil, que seguirá os mesmos princípios de especialização. Assim como na categoria principal, os atletas juvenis terão suas vagas definidas com base no desempenho específico por modalidade. Os critérios detalhados serão publicados em documento próprio, respeitando as particularidades de cada categoria de idade.

Essa adaptação busca fortalecer o processo de desenvolvimento de talentos, permitindo que jovens atletas já iniciem suas trajetórias com foco e direcionamento estratégico.

Por outro lado, nas categorias Sub-17 e Sub 15, a Confederação optou por manter o combinado entre Boulder e Guiada, evitando a especialização precoce. Essa tendência também está alinhada com uma tendência global de desenvolvimento do esporte, priorizando estimular de maneira mais completa as capacidades técnicas e motoras, antes da definição e/ou escolha de um foco único.

“Acreditamos que, para atletas jovens, a prática combinada de escalada em Boulder e Guiada favorece seu desenvolvimento global. Como ambas as modalidades compartilham características importantes, e a escolha por uma delas muitas vezes depende da estrutura disponível, incentivar o treino conjunto permite que o atleta explore suas habilidades de forma ampla, garantindo também um trabalho completo das capacidades físicas, algo essencial nessa fase da formação. Isso contribui para um melhor autoconhecimento e possibilita uma escolha mais consciente sobre em qual modalidade se especializar futuramente, especialmente na categoria sub-19. Nosso objetivo é formar escaladores e competidores completos, com vivência nas duas modalidades, prontos para tomar decisões alinhadas ao seu perfil e potencial.”, comentou Danilo Caruso, Analista de Desempenho na CBEscalada.

Os atletas do Sub-19 serão convocados com base nos rankings individuais de cada modalidade, Boulder, Guiada e Velocidade. Já os atletas Sub-17 e Sub-15 continuarão sendo avaliados pelo desempenho combinado em Boulder e Guiada. Para mais detalhes sobre todos os critérios utilizados, acesse o documento completo no site. 

Resumo

Na categoria Sub-19, a convocação passará a ser realizada separadamente para Boulder e Guiada, com uma vaga por gênero em cada modalidade.

Critérios de Convocação:

• Boulder: ranking específico da modalidade.
• Guiada: ranking específico da modalidade.
• Sub-17 e Sub-15 (combinado): ranking combinado de Boulder e Guiada.

Grupos de Monitoramento seguem ativos em 2025

Outra iniciativa que será mantida em 2025 é a existência dos Grupos de Monitoramento, que funcionam como uma seleção ampliada. Lançados no ano anterior, os dois grupos, o GMAR (Grupo de Monitoramento de Alto Rendimento) e o GMD (Grupo de Monitoramento de Desenvolvimento) continuarão integrando o sistema de identificação e desenvolvimento de talentos.

Esses grupos não fazem parte da Seleção principal, mas seus atletas são convidados a participar de ações estratégicas como training camps, treinos simulados e preparações em conjunto com a equipe técnica. O objetivo é duplo: manter esses atletas no radar da comissão técnica e estimular o desenvolvimento contínuo, inclusive elevando o nível das competições nacionais ao garantir mais competitividade e preparação técnica.

Além disso, atletas, atletas integrantes dos Grupos de Monitoramento podem ser convocados para representar o Brasil em competições internacionais com maior número de vagas, como a Copa Pan-Americana ou o Campeonato Sul-Americano Juvenil. Isso permite ampliar a representatividade brasileira em eventos-chave do calendário internacional e criar um fluxo mais contínuo de atletas em ascensão.

Estes são os principais pontos que orientarão as convocações e o planejamento da equipe brasileira de escalada rumo aos Jogos Olímpicos de 2028. Os critérios completos e todos os detalhes estão disponíveis nos regulamentos oficiais da Seleção Principal e da Seleção Juvenil.