Entenda as categorias da Paraescalada
A Paraescalada é uma modalidade recente da Escalada Esportiva, ainda pouco conhecida, mas que vem crescendo no mundo através do fomento da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). Com o aumento de atletas, em 2021 a modalidade ganhou um circuito de competições anual: a Copa do Mundo de Paraescalada. Os eventos vem se somar ao Campeonato Mundial de Paraescalada, realizado a cada 2 anos, e que em 2023 chega à sua 8ª edição, em Berna, na Suíça.
Com início no dia 08 de agosto, o Campeonato Mundial de Paraescalada em Berna, contará com a participação de 3 paratletas brasileiros, em 3 categorias diferentes: Marina Dias (SP), Luciano Frazão (DF) e Leonardo Vilha (PR). Essa formação é a maior delegação da Paraescalada brasileira em um único evento!
Sistema de Classificação para a Paraescalada
Às vésperas da participação mais esperada da Paraescalada brasileira, a ABEE vem explicar em detalhes como funciona o sistema de classificação para a modalidade.
A classificação é uma tentativa de otimizar a distribuição de todos os atletas em categorias, para garantir que a competição seja entre indivíduos com capacidades de desempenho semelhantes. E como essa classificação funciona na prática?
Os atletas são colocados em uma Classe Esportiva com base em sua deficiência, permitindo que aqueles com uma deficiência de natureza semelhante possam competir dentro da mesma categoria. Tais categorias e padrões são adotadas e revisadas regularmente pelo Comitê de Paraescalada, atendendo a Norma Internacional para Deficiências Elegíveis do Comitê Paralímpico Internacional. Um dos requisitos para a modalidade se tornar Paralímpica.
As Categorias na Paraescalada
Hoje, temos 3 classes de deficiência, que divididas formam 10 categorias na Paraescalada:
- Deficientes visuais (B1, B2, B3)
- Amputados (AU2, AU3, AL1, AL2)
- Alcance, potência ou estabilidade limitados (RP1, RP2, RP3)
Números mais altos equivalem a maior funcionalidade (menos comprometimento), números mais baixos equivalem a menor funcionalidade (mais comprometimento).
Além disso, há critérios mínimos de deficiência definidos para cada classe esportiva.
Deficientes visuais (B1, B2, B3)
B1 – Deficiente Visual: Completamente ou quase completamente cego
Deve usar venda durante a competição, independentemente da visão;Possui uma acuidade visual inferior a 2,6 LogMAR.
B2 – Deficiente Visual: Moderadamente cego
Possui uma acuidade visual de 1,5 a 2,6 LogMAR e/ou um campo visual inferior a 10° de diâmetro;
B3 – Deficientes Visuais: Legalmente cego com medidas corretivas
Possui acuidade visual entre 1,4 e 1,0 LogMAR e um campo visual entre 10° e 40° de diâmetro.
Todos os paratletas cegos têm um guia de visão que indica para o atleta o local das agarras e os movimentos a serem feitos.
Deficiência de Membros (AU2, AU3, AL1, AL2)
AU2 – Possuem um braço com uma amputação na altura do antebraço ou tem função reduzida em um dos braços abaixo do cotovelo e não tem articulação de pulso funcional.
AU3 – Uma mão, ou vários dedos em ambas as mãos ausentes ou com função reduzida.
Essa é a categoria do atleta brasileiro, Leonardo Vilha.
AL1 (Cadeirante) – Esta categoria é exclusiva para atletas que usam cadeiras de rodas devido a nenhuma função utilizável da cintura para baixo ou para amputados com dupla desarticulação do quadril. Seu método de escalada utiliza apenas braços.
AL2 – Tem amputação de uma das pernas ou deficiência de membro, com o único critério mínimo de que não haja articulação do tornozelo funcional. Nessa categoria, os atletas amputados podem decidir se querem escalar com uma prótese ou não.
Essa é a categoria do atleta brasileiro, Luciano Frazão.
Alcance, potência ou estabilidade limitados (RP1, RP2, RP3)
Atletas de RP podem ter categorias muito diferentes de comprometimentos: hipertonia, ataxia, atetose, amplitude de movimento passiva prejudicada, potência muscular prejudicada, baixa estatura. Sendo neste sentido, a classe mais diversa, podendo até mesmo ter tipos de deficiências pertencentes a outras categorias.
RP1 – Impacto severo na potência e alcance do movimento
A deficiência afeta gravemente várias partes do corpo (hipertonia, potência muscular prejudicada, ataxia).Esta era a categoria em que o atleta Raphael Nishimura, hoje presidente da ABEE, costumava competir.
RP2 – Impacto moderado na potência e alcance do movimento
A incapacidade afeta moderadamente todas as partes do corpo (hipertonia, potência muscular prejudicada, ataxia). Comprometimento dos membros inferiores gerando dificuldades para deambulação ou um membro gravemente afetado.
RP3 – Impacto leve (mas perceptível) na potência e alcance do movimento.
Os tipos de deficiências aceitos nesta categoria são: Amplitude de movimento passiva prejudicada (cotovelo, junção entre cotovelo e punho, punho, cintura, junção entre cintura e joelho, joelho, junção entre joelho e tornozelo); Hipertonia perceptível; Potência muscular prejudicada perceptível; Atetose. Essa é a categoria da atleta brasileira, Marina Dias, que sofre de Esclerose Múltipla.
Como os atletas são classificados?
Antes de um evento oficial da IFSC (Copas do Mundo ou Campeonatos Mundiais), há uma sessão de avaliação para novos atletas ou para aqueles que já foram avaliados anteriormente mas estão com Status de Classe Esportiva R (revisão) ou DRF (data de revisão fixa) expirado. Isto é feito para acompanhar alguns tipos de deficiência causados por motivo neurológico e que podem flutuar com o tempo. O Status da Classe Esportiva é atribuído após a sessão de Avaliação e pode ser confirmado ou alterado após a observação em competição.
Todo o histórico médico deve ser apresentado e verificado por especialistas em classificação com antecedência. Esta classificação é realizada por um médico credenciado pelo IFSC. Nas competições nacionais, os atletas têm sua condição física avaliada pelo Dr. Angelo Bortoli, único médico credenciado pela IFSC na América do Sul para classificar atletas da Paraescalada.