Time Juvenil do Brasil alcança melhor resultado da ABEE em Mundiais da categoria
Histórico! Não existe outra palavra para definir o desempenho do time brasileiro no Mundial Juvenil 2021, em Voronezh. Pela primeira vez na história da ABEE, atletas brasileiros avançaram para uma semifinal de um campeonato mundial. Samuel Silva e Mateus Bellotto garantiram a vaga na prova guiada da categoria Junior e já cravam um dos melhores resultados brasileiros na competição dos últimos anos. Além do destaque da vaga nas semifinais, todo o time desempenhou bem acima da média das edições anteriores, demonstrando uma clara evolução no nível dos atletas enviados. E o que é melhor: ainda com espaço para melhorias no curto prazo. Realmente um desempenho histórico!
Vamos contar abaixo um pouco de como foram os dias de competição dos brasileiros em Voronezh.
Primeiro dia: Qualificatórias Boulder Junior Masculino e Guiada Juvenil B Feminino
O primeiro dia de competição para o time brasileiro foi no domingo, 22/08. Neste dia o time competiu nas qualificatórias do Juvenil B Feminino com as atletas Mariana Hanggi e Laura Timo, e nas qualificatórias do Boulder Junior Masculino, com o trio Samuel Silva, Mateus Bellotto e Rodrigo Hanada.
As primeiras a escalar foram as meninas na guiada. As duas escalaram a primeira via, aparentemente a mais dura da fase, muito bem. Mariana alcançou a agarra 24+ e Laura a 25+. O desempenho deixou no ar a esperança de uma vaga na semifinal logo na primeira prova. Contudo, na segunda via as meninas cometeram erros logo no começo e acabaram terminando fora da zona de classificação. Mariana terminou em 35º e Laura em 34º. O ponto positivo é que ficou claro que as duas tem potencial para melhorar as colocações em edições futuras. Ainda assim, o resultado é o melhor desempenho feminino na modalidade em Mundiais Juvenis.
À tarde foi a vez dos meninos competirem no boulder, em um novo formato de disputa experimentado nesta edição. Em vez da rotação tradicional de 5 boulders escalados em 5 minutos e à vista, a qualificatória foi realizada em dois “sets” de 3 boulders, escalados em 4 minutos e em flash. A mudança de formato trouxe também boulders mais difíceis ainda, e os atletas brasileiros lutaram bastante para pontuar.
Samuel Silva terminou a rodada com 6 zonas, passando próximo do Top em pelo menos 3 oportunidades, terminando em 24º no geral, bem próximo das semis. Mateus Belloto e Rodrigo Hanada marcaram 4 zonas e terminaram a fase na 33ª e 35ª posições. Bom resultado para os meninos, que também superam os resultados anteriores de brasileiros em Mundiais Juvenis.
Segundo dia: Qualificatórias Boulder Juvenil B Feminino e Guiada Junior Masculino
O segundo dia os atletas trocaram de modalidades. Meninos nas vias e meninas nos boulders. As duas categorias entraram para escalar basicamente no mesmo horário mas com as meninas começando primeiro.
Os boulders desta qualificatória ficaram extremamente difíceis. Poucos tops e muitas atletas terminando a rodada sem conseguir nenhuma zona. Foi o caso de Mariana, que terminou em 35º empatada com outras 9 atletas. Laura foi um pouco melhor, conseguindo uma zona, e terminando em 34º.
Nas vias, o sonho da semi virou realidade. Quem abriu a rodada brasileira foi Rodrigo Hanada na via 2. Com um escorregão de pé, ele acabou caindo cedo e ficando baixo na classificação. Samuel e Mateus vieram em seguida, na via 1, e escalaram bem, alcançando as agarras 21+ e 20+ respectivamente. Com o avanço da fase, a equipe técnica foi percebendo que o desempenho de Samuel e Mateus foi ainda melhor do que o esperado. Com as vias muito difíceis, muitos atletas não avançaram acima dos dois, e com todos os atletas já tendo escalado pelo menos uma via, Samuel e Mateus estavam dentro da cota da semifinal. Era apenas questão de manter o desempenho na segunda via.
Hanada voltou para a via 1 e também escalou bem, alcançando a agarra 18+, mas não foi o suficiente para entrar na semi. Samuel Silva escalou a via 2 e marcou 18+, jogando o brasileiro para a 16ª posição, com poucos atletas ainda com possibilidade de melhorar a pontuação. Antes de Mateus entrar, Samuel já estava matematicamente confirmado na semi. Então foi hora de torcer para um bom desempenho também de Mateus, que poderia garantir o segundo lugar na próxima fase. Mateus alcançou a agarra 17+, avançou para a 22ª colocação e para a semi. Samuel terminou a fase na 19ª posição. Dois brasileiros na semifinal do Mundial Juvenil: o melhor resultado da ABEE na competição, e um dos melhores resultados brasileiros em Mundiais da categoria, que tem ainda no 11º de Felipe Camargo em Ibarra 2007, o melhor resultado individual.
Terceiro dia: semifinal Junior Masculino
Chegou o dia da tão esperada semifinal. Com o avanço de fase foi também a primeira vez que pudemos assistir atletas da ABEE em uma transmissão ao vivo IFSC. E foi bonito de ver nossos garotos representando o Brasil na Rússia. Na semi, apenas uma via, uma chance para fazer o seu melhor. Mateus foi o sexto a escalar. Ele alcançou a agarra 15, e não conseguindo encontrar uma boa posição para os pés, caiu tentando o movimento para a próxima agarra. Samuel foi o nono a entrar, e estava muito bem, mas um erro na hora da costura custou caro e ele acabou caindo na agarra 16. Ficou o gostinho de que poderia ter ido mais alto, mas competições são assim. Fica a experiência. No resultado final Samuel terminou em 25º, melhor sul americano da competição, e Mateus em 26º.
Pavimentando o caminho
Esta edição do Mundial Juvenil serviu para pavimentar o caminho para uma nova geração da escalada nacional que vem por ai. Foi o melhor desempenho do time juvenil da ABEE até agora: primeira vez em uma semifinal e primeira vez de atletas do Juvenil B, a categoria mais jovem, competindo.
Os atletas do Junior provaram ter sido de fato as melhores escolhas para a competição. Samuel Silva, que agora representa o Brasil no Mundial Adulto, mostrou que está num ótimo nível. Agora ele compete em Moscou sem o peso da estreia e com um bom desempenho como motivação. Foi o último ano dele na categoria Juvenil. Mateus mostrou uma enorme evolução em relação ao último mundial, em Arco. Um salto do 54º para o 26º na guiada, e do 69º para o 33º no boulder. Mesmo levando em conta o total de atletas nas duas competições, a melhoria é evidente. E este foi apenas o primeiro ano de Mateus no Junior, restando ainda mais um ano para ele entre os juvenis. Rodrigo Hanada, mesmo no último ano e sem experiência internacional nenhuma, ainda assim teve um dos melhores resultados de atletas da categoria Junior ABEE.
No Juvenil B, Mariana e Laura estrearam muito bem. A falta de experiência internacional com certeza tirou delas melhores colocações, principalmente na guiada, mas era exatamente para isso que elas estavam em Voronezh: ganhar experiência. Mariana segue para o Juvenil A em 2022, com mais 4 anos nas categoria Juvenis, e Laura ainda tem mais um ano no Juvenil B. Tempo de sobra para as duas seguirem evoluindo e trazerem resultados ainda melhores para o Brasil no curto prazo.